Direita quer «apagar» <br> Georges-Marchais de Villejuif
A Praça Georges-Marchais de Villejuif (Val-de-Marne), inaugurada em 2013 pelo então município comunista, pode estar em vias de passar a designar-se Georges-Mathé. É pelo menos essa a intenção, anunciada a 17 de Dezembro, do actual presidente da Câmara, Frank Le Bohellec, da UMP (União por um Movimento Popular, de Nicolas Sarkozy), que o Partido Comunista Francês (PCF) classifica como um «anticomunista primário».
Georges-Marchais foi durante 24 anos deputado de Villejuif, onde é reconhecido o seu papel na defesa da investigação médica na luta contra o cancro. Essa foi justamente uma das razões que levaram a anterior presidente da Câmara, Claudine Cordillot, a dar o nome do antigo secretário-geral do PCF a uma praça no «centro internacional campus Cancer».
Após 69 anos de gestão comunista, Villejuif passou para as mãos da direita nas eleições municipais de Março de 2014, graças a uma coligação contra-natura de diversas formações políticas. A mudança, que começou a fazer-se sentir com uma sucessão de medidas antidemocráticas, chega agora à toponímia, numa clara tentativa de «reescrever a História», como afirmou a propósito Olivier Marchais, filho de Georges-Marchais, em declarações ao jornal Le Parisien.
Também o PCF emitiu um comunicado sobre o assunto, onde afirma que o cimento que une o actual Executivo de Villejuif «é o seu anticomunismo primário digno dos piores tempos da guerra fria». Apelando aos eleitos do conselho municipal para que revejam a sua posição e respeitem a história da cidade, o PCF insta os responsáveis locais a «ocupar-se das verdadeiras preocupações dos seus concidadãos, libertando por exemplo os meios financeiros para o centro comunal de saúde poder praticar medicina para todos».
A reacção à mudança de nome da Praça Georges-Marchais não se fez esperar: no dia 22 de Dezembro, cerca de 300 pessoas juntaram-se junto à placa de bronze que ostenta o nome do antigo secretário-geral do PCF, ainda no local, exigindo que ela ali permaneça.